Porque acredito plenamente que só se resolve e se extingue qualquer problema de uma nação, ou pelo menos a maioria deles, por meio da educação.
A educação abre portas, faz com que a pessoa vislumbre novos horizontes, fortalece a esperança de dias melhores. Uma pessoa bem orientada pode defender melhor os seus direitos e conhece as suas responsabilidades. Temos grandes exemplos de países que, após investir na educação de suas crianças progrediram muito, como é o caso do Japão e outros países do leste asiático. A questão da educação é um problema que não se resolve no curto prazo.
Posto isso, o que dizer de uma classe de pessoas, no caso a terceira idade, onde a maioria não teve sequer a oportunidade de estudar? Não devido a problemas de exclusão social, mas porque pertenciam a cultura do “primeiro a comida na mesa, depois o estudo” ou ainda “o estudo é para o rico, o pobre tem é que trabalhar”. Os idosos, quando na juventude, viviam, em sua maioria, numa época de “vida dura”, o país ainda não se encontrava no processo de desenvolvimento industrial e tecnológico que atualmente presenciamos, era eminentemente agrário.
O Brasil se desenvolveu ao longo dos anos e novas tecnologias foram implementadas. Entre essas tecnologias, a utilização da informática na maioria dos processos de agilização da rotina diária.
E o computador é o protagonista desse avanço. Tem sido uma ferramenta causadora de grande fascínio e de muita utilidade desde meados dos anos 80. E, no Brasil, com o advento da internet à partir do final da década de 90, e com a popularização dessa máquina, o país também entra para a Era da Informação, sendo que vive muito melhor aquele que domina ou tem acesso aos novos meios automatizados, além da facilidade em se obter uma informação ágil e precisa.
A tecnologia e a vida moderna, em geral, têm caminhado a passos gigantescos para que essa situação esteja ao alcance de todos, gerando sobremaneira mais uma classe desfavorecida, os excluídos digitais e, em especial, destaco os idosos, pois a maioria deles ficou excluída, só que dessa vez, do mundo moderno.
Explico o "por quê?"
Os idosos são obrigados a utilizar as novas tecnologias, seja no âmbito comercial e de serviços e, quantos de nós já presenciamos as dificuldades enfrentadas por eles diante de máquinas cada vez mais supermodernas? Sem falar nos dispositivos implantados como cartões eletrônicos (alguns com chips), senhas, códigos de seguranças e de acessos, linguagens complexas e pouco esclarecedoras (na visão deles).
De uma maneira compulsória foram impostos novos procedimentos sem a mínima capacitação necessária dessa parcela da sociedade, isso sem mencionar as consequências dessas mudanças, como: a falta de paciência das pessoas responsáveis em repassar as orientações para a devida operacionalização de tais equipamentos, “os caras feias” que eles encontram em seu caminho, que os atendem de maneira pouco gentil e desrespeitosa, por não compreender as suas limitações em decorrência da idade avançada, entre outras.
Todavia, a essa altura da história, não devemos buscar rotular os culpados, devemos sim, tentar resolver o problema.
Por isso, tenho a plena certeza que, a sociedade e governo, juntos, formam a parceria ideal na busca dessa e de outras soluções. O empresariado local também pode ser um grande colaborador nessa parceria. Prova disso é a saída que encontrei, quando idealizei um programa, especialmente fundamentado e planejado para atender os idosos da comunidade local: o PROJETO INTEGRANDO GERAÇÕES "INFORMÁTICA NA TERCEIRA IDADE".
Esse programa é desenvolvido há 08 anos em Campo Grande-MS, por uma instituição de ensino particular, em parceria com o poder público: a Prefeitura Municipal de Campo Grande-MS, onde alguns alunos e professores, em uma ação solidária, praticando o voluntariado, formando parcerias com organizações não-governamental e outras empresas particulares, juntos, têm conseguido e com muito êxito, por termo à parte do problema.
Enquanto autor, posso garantir que esse projeto serve como um exemplo para o país e para o mundo (Vou chegar na ONU com esse projeto!), como uma política social de inclusão digital que minimiza os dissabores sofridos pela turma da “melhor idade”, os idosos, em relação aos problemas já apresentados.
A solução: os alunos, matriculados regularmente na instituição, todos adolescentes na faixa etária de 11 a 16 anos, após obterem orientações de informática, em sala de aula e, considerando também a experiência de cada um diante do computador, repassam e dividem o que sabem entre quarenta e cinqüenta idosos do Centro de Convivência do Idoso local. As aulas são organizadas e planejadas sistematicamente pelo professor de informática-voluntário. (Saiba mais detalhes no livro!)
O Projeto Integrando Gerações tem como objetivo principal, dentre outros, propiciar condições para que o idoso atue de forma ativa e independente na vida moderna. Consiste em sua essência capacitar o idoso para que saiba lidar com o “novo”, o moderno e não profissionalizá-lo para o mercado de trabalho.
O projeto tem crescido muito no decorrer desses anos e conta atualmente, além da Informática (que é o “carro-chefe”), com diversas outras atividades – os projetos satélites – como: Oficina de Textos, Língua Espanhola, Língua Inglesa, Teatro, Dança de Salão, Terapia Psicológica em Grupo, Hidroginástica/Natação, Palestras de prevenção de acidentes domésticos e Reeducação Postural, esses últimos oferecidos pelo Curso de Fisioterapia de uma Universidade da região, que realiza também Avaliação Cardiológica e exames médicos oferecidos pelo Curso de Medicina, além de propiciar visitas técnicas à exposições, museus, laboratórios e empresas ligadas ao ramo de comunicação como emissoras de televisão e rádios locais, parques gráficos de jornais impressos, entre outros.
Os idosos não têm ônus financeiro de espécie nenhuma, a não ser a freqüência obrigatória às atividades do projeto.
Efetivamente, com plano e método inovadores, responsabilidade social e praticando o voluntariado, o projeto tem contribuído para a promoção de uma sociedade mais justa e igualitária, pois preocupa-se com os jovens e a turma da Terceira Idade.
Desde o ano de 2001 até o final de 2007, foram 310 os idosos beneficiados diretamente e 210 adolescentes atuaram como monitores de informática.
O Projeto Integrando Gerações “Informática na Terceira Idade” tem ganho projeção nacional, pois por três vezes consecutivas (2003, 2005 e 2007) recebeu para a escola onde é desenvolvido, o Selo de Escola Solidária, oferecido pelo Ministério da Educação e Cultura – MEC em parceria com a UNESCO e com a UNDIME.
No ano de 2004 foi um dos vencedores, em nível nacional, da 6ª edição do concurso Talentos da Maturidade, categoria Programas Exemplares, promovido pelo Banco Real ABN AMRO.
No ano de 2005, também em nível nacional, foi vencedor do Prêmio de Tecnologia Social 2005, promovido pela Fundação Banco do Brasil, como a Melhor Tecnologia Social da Região Centro Oeste e foi finalista do Prêmio ODM Brasil 2005, promovido pelo Governo Federal, Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD) e Movimento pela Cidadania e Solidariedade (8 Jeitos de mudar o mundo)
Conheça mais sobre esse projeto acessando as outras páginas deste blog!
Francesco Edson Nogueira
